sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O ano do Dragão.


 Há uns três anos me mudei da casa em que passei toda minha infância e adolescência, na casa nova organizando os documentos da minha mãe encontrei algumas folhas grampeadas, já muito velhas e amareladas com o meu nome escrito. Nunca havia visto essas folhas.

Perguntei para minha mãe o que era, e ela me disse que quando eu e minha irmã nascemos nós ganhamos um mapa astral, mas como ela não queria que isso nos influenciasse nunca nos mostrou.

Comecei a ler as páginas e realmente me assustei, muito do que estava escrito ali de fato fazia parte da minha personalidade, minhas habilidade, minhas escolhas profissionais.
 
O Eduardo não nega ser leonino, vaidoso, orgulhoso, egoísta, autoritário. Pelos meus cálculos o bebê também será leonino nascido no ano do dragão que tem característica muito parecidas com leão.

Enfim eu sempre fui muito cética com relação astrologia, numerologia e todas essa “logias” místicas, mas confesse você também assiste no fantásticos as previsões da Mãe Diná para o próximo ano, mesmo que seja pra mais tarde falar que ela errou tudo.

Lá e de volta outra vez.


Parei de comer carne mais ou menos no inicio da adolescência por pura ideologia, aquele lance de animais são amigos e não comida. Quando fiquei grávida do Eduardo, tive uma anemia muito séria e por recomendação médica voltei a comer carne.

E sentia um desejo absurdo de carne, contrafilé acebolado cheio de gordura, picanha mal passada, baby beef sangrando... e eu de vegetariana passei a carnívora extrema. Quando o Edu nasceu esse “instinto animal” passou, mas continuei ainda sim comendo carne (claro que não nas mesmas quantidades absurdas), até mesmo porque o onívoro é muito mais bem quisto pela sociedade do que o vegetariano eco-chato (já viu como sofre o pobre vegetariano  num churras com os amigos, ou no almoço de familia com a avó???).

Segui com minha vida de onívora durante esses seis anos.

Até agora  nos meus dois meses e meio de gravidez, quase não tenho tido os famigerados sintomas, vomitei apenas uma vez, e ainda sim por uma crise de gastrite (exceto pelo meu humor totalmente instável de grávida, com a qual o papai tem sofrido muito). Primeiro foi só um ‘num to a fim de comer carne hoje’ mas a coisa foi evoluindo pra uma total repulsa por carne vermelha, onde até a ideia do cheiro da carne me dá ansia.

Ok, carne em excesso faz mal mesmo, e eu gosto de frango, mas mais cedo do que eu imaginava enjoei de frango... eu gosto de peixe mesmo, tem ômega 3, faz bem pro cérebro. Bem, enjoei de peixe também e no resumo da opera, praticamente virei vegetariana novamente.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Coisas Frágeis....

"Acho que prefiro me lembrar de uma vida desperdiçada com coisas frágeis...
Do que uma vida gasta evitando a dívida moral…
E me perguntei a que me referia com ‘coisas frágeis’ ..
Afinal, existem tantas coisas frágeis.
Pessoas se despedaçam tão facilmente, sonhos e corações também.

Neil Gaiman - Coisas Frágeis

1º Ultrasom - aproximadamente 10 semanas.

A descoberta.

Era sábado à noite, tinha sido um dia agradável. Almoçamos fora, saímos para passear. Abrindo a porta de casa me dei conta de uma coisa, deveria ter decido ontem. Faço algumas contas de cabeça, olho a cartela da pílula tudo certinho, não havia razão para desconfiança.

Mas minha intuição dizia outra coisa. Então fizemos o mais logico, compramos um teste de farmácia, os segundos mais lentos até ter uma resposta: Positivo. E nesse instante me senti como se o mundo tivesse caído. Mas ainda existia o 1% de chance de o exame ter falhado. Eu sabia que não, mas mesmo assim compramos um segundo exame, positivo novamente.

Dai vem todo o desespero, queríamos outro filho, mas não agora, não era o momento por N razões. Domingo foi um dia horrível, pensando no que eu tinha falhado. Será que esqueci de tomar a pilula algum dia? será que eu tomei 5 minutos atrasado e por isso não fez efeito? o antibiótico que eu tomei?. Segunda foi dia de confirmar o que já era sabido.


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Depois de todo o desespero da descoberta, me dei conta de uma coisa, eu sou responsável por fazer o momento certo. E esse momento passou a ser certo quando eu descobri que ainda não te conheço mas te amo.

Deus, Darwin, Eduardo e o Bebê.

“Quando me pergunto se acredito em Deus, costumo responder: ‘acredito no Barbudão!’ E é verdade. Eu acredito muito em Charles Darwin, o Barbudão que bolou a ‘teoria da origem das espécies’, que ao contrário do que o nome leva a crer, não explica a origem das espécies, fato que continua a ser um dos maiores enigmas da ciência, mas explica bem a evolução das espécies pela seleção natural.

Normalmente, quem acredita no Barbudão da capela Sistina não acredita muito no Babudão do Beagle. E vice-versa. Quem diz que acredita nos dois ou não parou para pensar direito ou está com preguiça de entrar em discussões mais profundas a respeito do sentido da vida.

Mas se você agüentou esse papo cabeludo até aqui, deve estar pensando no sentido da vida.

Quem acredita no Barbudão de Aparecida do Norte acredita que existe uma entidade superior, que tudo fez e que, em seus elusivos propósitos, tudo justifica: a alegria e a desgraça, a vida e a morte, o Luftal e a cólica. Deus é o próprio sentido da vida. É a explicação para tudo, menos para os preços exorbitantes das fraldas descartáveis.

Quem acredita no outro Barbudão chupa o dedo? Leva uma vida vazia e inútil que vem do nada e para o nada retorna? Se não existe um propósito moral maior como o que nos oferece o Barbudão do andar de cima, não existe propósito algum?.

Ter o Eduardo e agora esse bebê que está a caminho me ajudou a não sentir mais tanta vergonha de adotar a impopular posição de torcedora do Barbudão de Galápagos. Quando olhei o Eduardo pela primeira vez, eu tive uma visão. Nessa visão percebi o quanto faço arte dos meus pais. E meus pais fazem parte dos meus avós. E meus avós dos meus bisavôs, numa cadeia reversa que nos que nos leva até o momento em que éramos todos apenas, um brilho nos olhos de uma cadeia de ácido desoxirribonucléico.

Foi isso que meu filho me disse quando veio ao mundo. Ele me falou que somos todos uma coisa só. Todas as coisas vivas. A conta é simples. As chances matemáticas de não termos nascido seres vivos, eu e ele, tendem ao infinito. Afinal, a maioria da matéria do universo não está viva. As chances que teríamos sido partículas de gás, por exemplo, eram infinitamente maiores. As chances matemáticas de que, além de sermos seres vivos, seria de um determinado e raro tipo de ser vivo que tem consciência de que está vivo (ao contrário do Plâncton ou dos deputados, por exemplo) tendem mais ao infinito ainda.

E, finalmente, as chances matemáticas de nos encontrarmos, vivos, aqui e agora, neste ponto do tempo no universo, e unidos pelo amor, é o tipo de matemática que só quem acredita no Barbudão do Céu é capaz de entender. O que pega muito mal para uma mina que fez biologia e que acredita no Barbudão da ciência com eu.

A conclusão que eu chego é a seguinte: não importa o Barbudão que você esteja seguindo, o sentido da vida é justamente respeitar, amar, e preservar a vida, Cem por cento dos Barbudões concordam que a vida é a coisa mais preciosa do universo.

Mas que provou isso não foi nenhum Barbudão, foi um cara que nasceu careca.”