terça-feira, 24 de julho de 2012

Relato de parto.


Já se foram dois post falando do meu parto, e agora vamos para o terceiro, mas agora com as minhas impressões.

Tinha certeza que queria um parto normal, pela rápida recuperação, já que sabia que teria que cuidar da Valentina e do Edu sozinha, quando tivesse alta. Fora as tarefas de casa, cozinhar, lavar, passar. E também por já ter noção do que me esperava, Edu já tinha nascido de parto normal, e apesar de não ter sido a melhor das experiências da minha vida (isso é uma outra história...), tinha mais medo do desconhecido que a cesária traria.

O parto da Valentina foi muito tranquilo e muito rápido, e eu percebi a enorme diferença que faz uma doula na sala de parto, que faz uma equipe médica mais humana.  

Ela nasceu em um hospital do sus, e eu não tenho vergonha em admitir isso, já que tudo saiu como eu planejava, e sinceramente fui muito melhor tratada do que no consultório do obstetra que começou meu pré-natal e queria agendar minha cesária quando eu estava com nem 2 meses de gravidez, se utilizando dos argumentos mais estapafúrdios, subestimando minha inteligência.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

E você chegou.... (parte 2)

Foi a partir do momento em que assinei a ficha de entrada a maternidade, que relaxei e as contrações ficaram mais fortes e frequentes. Aguardei alguns minutos até a médica descer para nos avaliar, uma medica baixinha e japonesa, muito tranquila. Após o exame ela nos informou que ficaríamos internadas, mas não me disse com quantos dedos de dilatação eu estava. Ela me colocou para realizar o cardiotoque, foi muito estranho ver seu coração disparar a cada contração.

Foram em torno de 5 ou 6 no período que eu fiquei deitada realizando o exame. Quando me levantei, para assinar os papeis da internação e arrumar minhas roupas para entregar para o papai, as contrações realmente ficaram muito fortes e com um intervalo de 2 minutos entre uma e outra. Nesse momento a enfermeira resolveu me levar para o pós parto, mesmo antes do papai assinar a internação, já que realmente  faltava muito pouco para você nascer.

Como o papai não tinha assinado a documentação, meu leito não estava pronto, mas nesse meio tempo me sentaram em uma poltrona, mas após a 3º contração comecei a sentir você sair. Gritei e outra enfermeira me atendeu prontamente e me levou  para o nosso leito, e fez outro exame de toque. A dilatação já tinha aumentado para 7cm, e ela me disse que com o andar da carruagem você não demoraria muito a nascer, e que provavelmente não conseguira nem tomar a segunda dose do antibiótico, já que meu exame de estrepto cocos havia dado positivo.

Poucos minutos depois eu senti você começar a nascer, gritei muito alto. E tudo ficou muito rápido e muito confuso. Me colocaram numa cadeira de rodas e me levaram para a sala de parto. Na sala de parto estava a médica japonesa, que depois eu descobri que se chamava Cida.

A dor mudou completamente, junto com a contração, vinha uma vontade de empurrar de fazer você sair e muita sede. Assustei com a ‘mudança’ da dor, e comecei a gritar. A médica me explicou que se eu continuasse gritando, não teria força para te empurrar e que eu deveria sim respirar de boca aberta, assim a dor ‘diminuiria’, e realmente funcionou, me senti mais calma e consegui me concentrar.

Não existem palavras para descrever o que foi ouvir seu choro pela primeira vez, ver seu rostinho, e sentir você se acalmar quando ouviu meu coração. Foi tudo lindo, só não foi totalmente perfeito, por que seu pai não pode assistir o parto, ele estava cuidando do Eduardo. Mas assim que saímos da sala de parto para o pós-parto ele estava nos aguardando, com o seu irmão, chorando feito criança, e foi uma das cenas mais bonitas que eu vi na vida.

Entre a bolsa estourar e você nascer foram três horas e quinze minutos.  Parto natural, sem cortes, sem anestesia. Você nasceu com 47cm e 2,660kg.

E você chegou... (parte 1).


38º semana e nada de você chegar. E eu fui tomada por uma enxurrada de sentimentos tomaram conta de mim. Medo, Ansiedade, Insegurança, revolta (poxa já estava sentido dores a quase um mês), passava meus dias procurando soluções estapafúrdias para adiantar o trabalho de parto. Acho que caminhei e limpei a casa em três semanas mais do que  em toda o resto da gravidez. Fora os alarmes falsos, a esperança da mudança da lua, mas eu ainda continuava te esperando.

Na quinta feira resolvi fugir do meu circulo vicioso de faxina e caminhadas, e “desencanar” e fui resolver algumas pendencias que eu vinha enrolando, comprar as ultimas coisas que faltavam para você, e um tênis novo pro seu irmão.  Não consegui terminar tudo, tinha esquecido de pagar o aluguel e a conta da internet, mas tudo bem só venceria na semana seguinte e eu assim teria o que fazer , me distrair e esquecer a dor nas costas, que você já estava na minha barriga a 41 semanas.

Noite normal, pedimos pizza, assistimos tv, papai e o Edu foram dormir, eu fiquei acordada conversando na internet. Já tinha me resolvido que iria tentar parar com a ansiedade, afinal você não poderia demorar muito mais tempo para chegar, ou eu poderia ter calculado a data errado, como disse o médico.

Já tinha passado da meia noite, quando me dei conta que estava com cólicas e contrações, nada muito forte. Não sei em que momento comecei a prestar atenção  no intervalo das contrações.  Uma a cada 14 minutos, nada ainda com o que me preocupar, na verdade eu tinha certeza que seria outro alarme falso. Mas as contrações foram diminuindo de intervalo e aumentando em intensidade, comecei a  dar mais atenção e vi as contrações diminuindo de intervalo cada vez mais rápido.

Quase as 3 da manhã e as contrações vindo a  cada mais ou menos 10 minutos, me despedi das pessoas no facebook e resolvi ir dormir, se não fosse só um alarme falso queria ao menos ter dormido algumas horas. Avisei o papai que eu achava que estava em trabalho de parto, ele dormiu mais um pouquinho (Seu pai consegue dormir nas condições mais adversas), eu não consegui dormir. Levantei e comecei a arrumar a casa e checar se nossas bolsas para maternidade estavam realmente completas.

As 4 da manhã papai acordou, e foi para o banho. Nisso as contrações já vinham a cada 8 minutos, levamos um bom tempo para decidir qual seria a melhor forma de irmos para a maternidade, e nos arrumarmos. Chamamos um taxi e enquanto aguardávamos o taxi chegar a bolsa estourou, era por volta das 5:45. Até este momento eu estava muito tranquila, mas a partir dai comecei a ficar nervosa, com medo de você nascer no meio do caminho.

O táxi chegou às 6 da manhã, o taxista ficou apreensivo ao saber que a mamãe estava em trabalho de parto e já com a bolsa rota, ele estava com medo do transito, já que era uma sexta feira e véspera de feriado prolongado. Mas tudo deu certo e chegamos bem ao hospital.